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12.11.13

Pato do Paco

Apesar de nunca ter comido um memorável, inesquecível, adoro pato. Magret, arroz, confit, cassoulet, lingüiça, foie, defumado, Peking...só não sou fã mesmo do pato com laranja. O resto, traço todos.
Gosto da textura, principalmente do magret e do foie, do sabor com personalidade, que não briga com nenhum tempero mais forte e principalmente da gordura que cobre e protege a sua carne. Gordura boa, limpa, tão leve quanto pode ser uma gordura e crocante como nenhuma outra quando dourada corretamente. E para completar, pato é fácil de fazer e dar certo.
Minha receita favorita da vez tirei do livro Small Bites, de Jennifer Joyce e originalmente era para ser um quase um canapé que eu transformei num prato mesmo. que começa a ser feito ontem, termina na hora exata de comer e não dá trabalho quase nenhum.
Na véspera você tem que preparar uma marinada com os temperos legais que você tiver na cozinha. Eu sei, eu também detesto quando uma receita começa ontem, mas aprendi que em geral vale a pena a frustração de não poder fazê-la hoje. Voltando à véspera, eu misturei bem  duas xícaras de cafe de mel, dois dedões de gengibre ralado, uma pimenta dedo de moça alho e cebola picados e algum shoyo. Fiz aquele corte xadrez bonito na capa de gordura de dois peitos os afundei  na marinada e fui acrescentando shoyo até cobrir tudo. Não tenha medo do mel, pode caprichar que ele vai dar uma cor bacana no final. Fechei com alumínio e botei na geladeira até o dia seguinte.
Uma das coisas que eu prezo numa boa receita é a possibilidade dela cozinhar sozinha, com pouca ou nenhuma necessidade da minha presença no fogão pois eu quero mesmo é ficar bebendo e conversando com meus amigos enquanto o prato fica pronto. Nem que dê mais trabalho antes, cozinhar enquanto os clientes se divertem só em restaurante.
Essa marinada faz exatamente isso, trabalha enquanto todos dormem e prepara o caminho para que você possa fazer o prato quase todo antes dos amigos chegarem.
No dia seguinte, a qualquer hora, você frita os peitos com um pouco de azeite começando pelo lado da gordura. Quando dourar pode virar e deixar mais cinco minutos. A carne tem que estar selada,  quase crua mas com a gordura crocante. Tire da frigideira e reserve.
Meia hora antes de servir ligue o forno a 200°C, salpique sal grosso sobre a gordura coloque os dois peitos num travessa com um dedo da marinada e asse por 5 a 7 minutos. Retire os peitos da travessa e deixe descansar por mais três ou quatro minutos antes de servir.
Eu fatiei e servi numa travessa com mango chutney, cebolinha picada, rúcula e pão árabe ao lado para cada um montar como quiser no seu prato, mas se você quiser algo mais formal, pode servir um peito inteiro por pessoa com purê de baroa ou aspargos grelhados, dois acompanhamentos que dá para fazer de véspera também.
Da última vez que fiz essa receita, enquanto a marinada e o forno trabalhavam, eu abria um Alvarinho super fresco, depois acompanhamos o patinho com um Enamore – meu tinto favorito do momento -  e um Vistalba sensacionais.
Prato fácil, simples, leve e delicioso. Depois dessa, parece até um exagero dizer que nunca comi um pato memorável, inesquecível. E é mesmo.

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6.11.13

O melhor branco nacional

Das melhores coisas da vida é compartilhar com amigos as melhores coisas da vida. É, ou não é? E não estou falando de Facebook, por favor!
E quando um amigo encontra não só um vinho novo, mas uma vinícola inteira e não descansa enquanto não toma umas garrafas com você? Não é sensacional?
Pois o Gustavo Mansur, habitué aqui do Bistrozinho, não descansou enquanto não dividiu comigo os vinhos da Viapiana, jovem vinícola gaúcha que é sua atual brasileira favorita.
Começou num jantar aqui em casa onde ele trouxe uma garrafa do Via 1986, ano de fundação da vinícola, 100% Marselan – uva desconhecida para mim – safra 2009. Um vinho diferente de qualquer outro nacional que eu já tomei. 
Não só pelo teor alcoólico de apenas 12.8° num mundo onde 14° parece que virou padrão entre os tintos. 1.2° faz uma diferença danada, mas também por aquela acidez e picância que muitas vinícolas nacionais parecem ter medo de oferecer nos seus vinhos. Show de tinto. Mas a história com a Viapiana estava apenas começando bem.
Semanas depois a vinícola baixou no ótimo Bistrô do Ouvidor, no centro do Rio numa degustação harmonizada que encheu o salão em pleno sábado à tarde.
Começamos com o espumante Brut 192 que é o número de dias em que o vinho fica em contato com as leveduras. Vinho correto, seco no ponto, ótimas borbulhas para abrir os trabalhos. 1986, 192....a fixação da vinícola por números ainda não terminou.
A entrada foi um linguado recheado de camarão no gengibre que apesar de delicioso, quase não aguentou a personalidade do branco servido.
O Expressões Chardonnay 2011 é simplesmente o melhor branco nacional que já provei. De longe. Seco, encorpado e aromático como um jerez depois de nove meses no carvalho francês, suave e rico como se espera de um bom Chardonnay e leve, apenas 12° de teor alcoólico. Queixo caído. 
Entre um prato e outro provamos um lançamento, o espumante 575 (agora chega de números, juro) que deixa a maioria dos nacionais no chinelo. Ficou perfeito com o funghi porcini com ovo de codorna pochê e trufas brancas Que o restaurante preparou para acompanhar.
Mas não tem tinto nessa vinícola?
Aí veio o Merlot Expressões 2011 acompanhando um cordeiro com batatas ao alecrim. Mesmo com a boca maravilhada pelos brancos, esse tinto brilhou com seus 13° e o equilíbrio entre leveza,  tanino e madeira. Um vinho clássico mas, de novo, acima da média dos equivalentes nacionais.
Ainda tivemos um mil-folhas de frutas vermelhas com o demi-sec da casa para arrematar.

Que bom que a Viapiana busca fazer um vinho diferente daqueles que a gente está acostumado a beber por aqui. Vamos combinar que ultimamente as novidades não tem sido tão novas assim, não é? Vinho nacional com mais de 14° e muito tanino está cheio por aí. Brancos exageradamente frutados "por que o mercado pede" também. Será que pede mesmo?
Que bom que a gente tem um lugar como o Bistrô Ouvidor se propondo a apresentar esses novos vinhos aos cariocas.
Mas que bom mesmo é que temos amigos que não descansam enquanto não compartilham conosco uma mesa, um copo e aquilo que gostam de comer e beber. Além da foto no Instagram, claro.

Viapiana
Travessão Alfredo Chaves, s/nº
Flores da Cunha - RS
Fone: 54 3297-5144
viapiana@vinhosviapiana.com.br


Bistrô Ouvidor
Rua do Ouvidor, 52
Centro, Rio, RJ
Fone: 21 2509-5883
bistroouvidor@gmail.com

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