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22.7.07

G, de gula




ula, segundo o Houaiss (que entendia como poucos de comida): substantivo feminino 1. vício de comer e beber em excesso; glutonaria 2. atração irresistível por doces e iguarias finas; gulodice, gulosaria....
Segundo o Aurélio (que não sei se entendia tanto do assunto como seu colega de letras): [Do lat. Gula, ‘esôfago, ‘garganta’.] S.f. 1. Excesso na comida e na bebida. 2. Apego excessivo a boas iguarias.
Para o Bistrô a questão não é tão simples e direta assim.
Gula, é um estado de espírito que muda ao sabor de países, cidades, ruas, pratos, quitutes, embalagens, vitrines ou qualquer outra coisa capaz de acender uma fogueira, mesmo que temporária, na memória ou no paladar. Até abrir a porta da geladeira de casa, coisa que fazemos automaticamente várias vezes por dia, pode entregar qualquer um à gula. Gula enrustida é abrir uma geladeira cheia de gostosuras e achar que não tem nada de bom para comer.
Gula é também passar horas na banca de jornais folheando revistas nacionais e importadas para ver se encontra uma receitinha bacana ou uma dica de vinho bom e barato, é esperar pela quinta feira quando sai o caderno Paladar do Estadão, na minha opinião a melhor publicação de gastronomia do Brasil, é passar um tempão na seção de gastronomia da Argumento olhando os livros com fotos de pratos maravilhosos nas capas.
Gula é programar um passeio em função do que há para comer no caminho, seja para comprar pão na esquina ou de férias no Nordeste, da França.
Gula é ler e trocar idéias com o Luiz, Roberta, Luciana, Marcelo, Eduardo, Valentina.
Gula é promover degustações de vinho só para saber qual deles vai para a carta da casa como faz a Cristiana ou levar uma década juntando 30.000 verbetes sobre comida para publicar um dicionário como está fazendo o Pedro.
Longe de ser um pecado, a gula do Bistrô é amadurecida ao longo dos anos, selecionada ao sabor dos temperos e, misturada a outros prazeres, se torna só mais uma forma de levar a vida.
Que me desculpem os dicionaristas lá em cima, mas gulosos como nós não cometem excessos nem são viciados numa coisa só, mas têm sim um ponto de vista saboroso sobre viagens, leituras e, até, comida.
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Gula é também o nome da mais antiga revista nacional de gastronomia que completou quinze anos mês passado. Um feito que só gulosos por boa informação sobre comida e bebida conseguiriam atingir. Parabéns para a Gula!

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15.7.07

Calado, mas não quieto

Ando meio calado mas não estou quieto. Outro dia, juntando a sobra de um churrasco com uma receita da Nigella, fiz um prato daquele jeito que eu gosto: simples, saboroso e quentinho para o inverno.
Peguei um peito de frango que estava congelado junto com a marinada que eu tinha feito para o churrasco e coloquei numa travessa junto com cebolas pequenas, vários dentes de alho e uma bela lingüiça devidamente furada (taí o "toque" da Nigella). A marinada tinha de tudo: limão, azeite, mostarda, alho picado, shoyo, sal...você pode fazer com o que tiver na despensa, nunca dá errado, o importante é deixar marinar bastante. Essa ficou umas seis horas na geladeira e um mês no congelador.
A outra travessa eu untei com azeite e enchi com umas quatro batatas cortadas em dados grandes com casca mesmo. Temperei com um pouco mais de azeite, pimenta do reino e sal grosso. Acrescentei uns dentinhos de alho para manter a tradição.
Coloquei as duas travessas - a do frango coberta com papel alumínio - no forno pré-aquecido ao mesmo tempo e por lá ficaram quase quarenta minutos. Basta testar o frango e a batata para decidir a hora de tirar.
A grande sacada de sabor é o corpo que a lingüiça traz a um prato de frango. O resultado é rico em sabores e texturas, simplérrimo de preparar e que faz sucesso com homens e mulheres, coisa não muito fácil de alcançar.
Acompanhou um Raimat Costers del Segre Tempranillo 2002 muito bom.

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