Mesa pra um, sem Instagram nem filas ou fique em casa
Quem me acompanha no Panora já leu muito sobre como a sociedade está se tornando cada vez mais urbana, os motivos desse movimento, suas consequências, oportunidades e desafios.
Mas essa sociedade cada vez mais urbana é também cada vez
mais conectada e, ao contrário do que possa parecer, apesar de estarmos vivendo
cada vez mais perto uns dos outros isso não significa mais interações físicas
entre pessoas. Não vou entrar no mérito de se isso é bom ou ruim, é apenas mais
uma característica da sociedade que estamos construindo.
Um desses comportamentos que ratificam essa tendência é que
há cada vez mais gente comendo sozinhas em restaurantes. Sozinhas, mas com seus
smartphones conectando-as com amigos, trabalho e família. Como você está vendo,
a definição de “sozinho” também está sendo atualizada.
O Telegraph fez
uma matéria
sobre o assunto falando que aquele tabu de comer sozinho já não existe mais, que
reservas para um cresceram 38% nos últimos anos e que 25% veem o smartphone
como um acompanhante legal nesses momentos. Claro que essa taxa sobe, para 34%,
entre os jovens até 24 anos e cai entre os mais velhos. Mas uma coisa é fato
hoje: você nunca está sozinho com um smartphone.
Filas de restaurantes
monitoradas pelo Google
E esse smartphone companheiro sempre presente nos
restaurantes, seja sozinho, seja em grupos está ajudando também quem não está
no local.
O Google acaba de
lançar um serviço que estima o tempo de espera nas filas de restaurantes.
Baseado em dados históricos de seus usuários no local, através do Google Maps
agora é possível ver quanto tempo você vai mofar, sozinho ou não, para comer.
Um milhão de restaurantes já estão no serviço que é mais uma
ferramenta ajudando o consumidor na sua decisão de compra e na valorização do
seu tempo, além de não precisar mais confiar quando a hostess diz que faltam
dezoito mesas, mas que é rápido.
A experiência de cada
um
Outra ferramenta onipresente que está mudando muito a forma
como escolhemos onde comer, começa a incomodar alguns donos de restaurantes. Cansados
dos excessos cometidos por clientes ao tirar fotos dos pratos e ambiente para
publicar em redes sociais, algumas casas estão simplesmente proibindo
fotos em geral. A justificativa passa pelo desvirtuamento da experiência
que essas casas se propõem a oferecer. Alguns dizem que o cliente demora tanto
nas preliminares fotográficas que acaba comendo frio e depois reclamando nas
mesmas redes sociais.
Mais um exemplo desse limbo que tanto falo. Enquanto alguns
restaurantes pensam tudo em
função da foto que seu cliente vai tirar e publicar, outros preferem que o
cliente não tire foto nenhuma em nome da qualidade do que está sendo servido.
Restaurantes virtuais
Mais uma consequência do crescimento das cidades relacionado
com a comida é uma oportunidade.
Apesar do aumento das mesas para um nos restaurantes, muitos
consumidores ainda preferem não sair, preferem que a comida venha até eles em
casa ou no trabalho. Isso fez surgir serviços como o iFood e o Uber Eats que
oferecem essa comodidade em parceria com milhares de restaurantes. Esse
comportamento do consumidor faz agora surgir outro tipo de “restaurante”,
aquele que só existe no app, com uma marca e um menu que o cliente não encontra
em outro lugar e que pode estar em qualquer lugar.
Esses novos restaurantes resumem-se a cozinhas, que podem
ser compartilhadas por diversas marcas, entregando pratos exclusivamente pelos
aplicativos. Faz todo o sentido.
Os chamados restaurantes
virtuais podem também acontecer dentro de restaurantes reais para
rentabilizar espaço, mão de obra e operações existentes sob uma marca diferente
que só existe no app e nas embalagens de entrega.
Com custos menores ou amortizados, eles podem oferecer a
mesma qualidade com preços e margens melhores do que a média. Todos ganham.


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