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13.1.08

Roberta Sudbrack

O restaurante da Roberta Sudbrack é outro daqueles que de tão perto de casa a gente sempre deixa para ira a qualquer hora. Como essa hora qualquer estava demorando a acontecer, a gente foi lá e fez, a reserva, para o penúltimo dia de funcionamento da casinha laranja em 2007. O resultado é que se 2008 for como terminamos 2007 em matéria de comida boa, estamos feitos.
Acompanhados dos queridos Monica e Alexandre, a madame e eu abrimos os trabalhos com as brusquetas de tomate fresco, um poãozinho de gruyere e patê de campagne que já mostravam o sabor verdadeiro e a simplicidade rica que dominaram todo o jantar.
Jantar que começou com vários sabores em uma colher. Lichía recheada de foie gras e gelatina de Tokaj (Tokaj é um vinho doce húngaro). A colherada que começa doce termina sem percalços no sabor denso do foie gras numa combinação que nos fez pensar como alguém consegue imaginar que essa combinação de sabores e produtos tão diferentes pode dar tão certo. Claro que sabores tão opostos numa mesma colher pode não agradar a todos, mas ousadia e confiança no paladar dos clientes são caracteristicas dos grandes chefs.
Depois fomos brindados com um um aspargo cozido no ponto - aquele ponto perfeito que você nunca consegue fazer em casa - com um molho doce e picante com textura na língua e flores de couve que marcou o jantar. O favorito da noite para a Monica.

Uma cumbuquinha de madeira chegou na mesa com uma gema de ovo semi-cozida coberta por flocos que na hora identificamos com algum sabor da infância mas que na verdade era quinoa que nenhum de nós ainda tinha provado. Sucesso total.

A coisa começou a ficar mais séria com o cherne acompanhado de mini cubinhos de tomate fresco, azeite e coberto com flor de sal. Prato que ia ficando mais rico a medida que os sucos do peixe se misturavam ao tomate e ao azeite. A madame e eu limpamos o prato com pão.

O penúltimo prato antes da sobremesa foi um risoto molhado de galinha da angola com sabores tão suaves e familiares que eu sorria a cada garfada lembrando de novo da comida e dos cheiros da cozinha da minha infância. É incrível como um prato simples, sem invencionices, mas bem feito tem muito mais a oferecer do que espumas, sorvetes e essas coisas que a gente vê como alta gastronomia por aí.Até aqui nos acompanhou um senhor Cave Geisse Brut, dos melhores espumantes nacionais. Depois tomei um copo do ótimo branco da casa. A vasta adega privilegia os vinhos nacionais e foi criada pelo Johnatan Nossiter, diretor do documentário Mondovino, que, na minha opinião, como documentarista é um ótimo sommelier. Mas digressiono, voltemos aos pratos.
Um sucesso da casa completou essa primeira etapa do jantar. Leitãozinho preparado de uma maneira que deixa a carne suave e molhada enquanto a pele fica tão crocante que só dá para comer com as mãos. O purê de batatas que acompanha é perfeito na simplicidade total do prato. Cheguei à conclusão que eu nunca tinha comido torresmo na vida pois nenhum dos que supostamente me apresentaram com esse nome sequer chegam aos pés do que provei na Roberta.
Encerramos a noite com duas sobremesas: um bolo/suflê quente de cerejas frescas acompanhado de creme inglês divino, e um prato de docinhos com um eclair de morango, outro de chocolate, brigadeiro de colher e dois sudkri (aquele antiiiigo chocolate Kri recriado pela chef) de chocolate amargo e ao leite acompanhando os cafés e chás.


A Roberta consegue fazer uma cozinha que ao mesmo tempo que é contemporânea, moderna e rica, é simples, familiar e aconchegante. Conhecer os limites entre criatividade e invencionice, tradição e repetição e personalidade e auto-afirmação na comida é muito difícil, ainda mais em tempos tão autorais e marqueteiros como os que estamos vivendo na gastronomia. Mas a chef consegue.
Saí da casinha laranja pensando como era possivel que tantas lembranças saborosas tenham passado pela minha cabeça enquanto eu comia pratos tão simples e tão modernos. Não sei como ela faz, mas, se além dos prêmios de cozinha contemporânea que ela ganha por aí, houvesse um para cozinha tradicional, eu premiava a Roberta também.
Como diz a outra Roberta: vá lá!

Roberta Sudbrack
Av. Lineu de Paula Machado, 916 Jardim Botânico - RJ
Tel.: 21 3874.0139 (O restaurante reabre dia 16/1)


PS: Como dá para notar, as fotos do leitãozinho e dos chocolates destoam das outras porque não foram feitas por mim mas pelo Marcelo Katsuki, que esteve lá uma semana antes de nós. Como o cardápio da Roberta muda todo dia, vale ver o que o Kats provou também. Clique aqui. Arigatô Kats!

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10.1.08

Modinha

Para vocês verem que a gastronomia vive de modinhas: hoje no suplemento Zona Sul do jornal O Globo tem o quê? Reportagem sobre sorvetes nos pratos - não nas sobremesas - dos restaurantes cariocas. Tem lá sorvete de quê? De shoyu, azeitonas pretas e roquefort.....muito criativo, não é? Ovos com bacon já era....
Parece que passou um vendedor de máquinas de sorvete pela porta dos restaurantes, todo mundo comprou e como não dá para competir com o Felicce, Itália, etc. inventam essas coisas para usar o brinquedo novo.
Por favor não digam que isso é comida para o verão carioca porque aí já fica ridículo demais.

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