Pato do Paco
Apesar de nunca ter comido um
memorável, inesquecível, adoro pato. Magret, arroz, confit, cassoulet, lingüiça,
foie, defumado, Peking...só não sou fã mesmo do pato com laranja. O resto,
traço todos.
Gosto da textura, principalmente
do magret e do foie, do sabor com personalidade, que não briga com nenhum
tempero mais forte e principalmente da gordura que cobre e protege a sua carne.
Gordura boa, limpa, tão leve quanto pode ser uma gordura e crocante como nenhuma
outra quando dourada corretamente. E para completar, pato é fácil de fazer e
dar certo.
Minha receita favorita da vez
tirei do livro Small
Bites, de Jennifer Joyce e originalmente era para ser um quase um canapé que eu
transformei num prato mesmo. que começa a ser feito ontem, termina na hora exata de comer e não dá trabalho quase nenhum.
Na véspera você tem que preparar
uma marinada com os temperos legais que você tiver na cozinha. Eu sei, eu
também detesto quando uma receita começa ontem, mas aprendi que em geral vale a
pena a frustração de não poder fazê-la hoje. Voltando à véspera, eu misturei
bem duas xícaras de cafe de mel, dois
dedões de gengibre ralado, uma pimenta dedo de moça alho e cebola picados e algum
shoyo. Fiz aquele corte xadrez bonito na capa de gordura de dois peitos os
afundei na marinada e fui acrescentando
shoyo até cobrir tudo. Não tenha medo do mel, pode caprichar que ele vai dar
uma cor bacana no final. Fechei com alumínio e botei na geladeira até o dia
seguinte.
Uma das coisas que eu prezo numa
boa receita é a possibilidade dela cozinhar sozinha, com pouca ou nenhuma
necessidade da minha presença no fogão pois eu quero mesmo é ficar bebendo e
conversando com meus amigos enquanto o prato fica pronto. Nem que dê mais
trabalho antes, cozinhar enquanto os clientes se divertem só em
restaurante.
Essa marinada faz exatamente isso,
trabalha enquanto todos dormem e prepara o caminho para que você possa fazer o
prato quase todo antes dos amigos chegarem.
No dia seguinte, a qualquer hora,
você frita os peitos com um pouco de azeite começando pelo lado da gordura.
Quando dourar pode virar e deixar mais cinco minutos. A carne tem que estar selada,
quase crua mas com a gordura crocante.
Tire da frigideira e reserve.
Meia hora antes de servir ligue o
forno a 200°C, salpique sal grosso sobre a gordura coloque os dois peitos num
travessa com um dedo da marinada e asse por 5 a 7 minutos. Retire os peitos da
travessa e deixe descansar por mais três ou quatro minutos antes de servir.
Eu fatiei e servi numa travessa
com mango chutney, cebolinha picada, rúcula e pão árabe ao lado para cada um
montar como quiser no seu prato, mas se você quiser algo mais formal, pode
servir um peito inteiro por pessoa com purê de baroa ou aspargos grelhados,
dois acompanhamentos que dá para fazer de véspera também.
Prato fácil, simples, leve e
delicioso. Depois dessa, parece até um exagero dizer que nunca comi um pato
memorável, inesquecível. E é mesmo.
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