Três meses depois, três Tempranillos
Se alguém acha que vou começar explicando porque faz tanto tempo que não posto nada aqui está muito enganado. Então vamos começar logo a recuperar o tempo perdido.
A segunda degustação cega do Bistrô, como vocês vão ver, exigiu muito mais dos degustadores do que a primeira. Ao contrário da degustação de cervejas, quando o importante eram as opiniões dos supostos experts, nessa aqui tinhamos que "descobrir" o que estávamos bebendo.
Tudo bem que descobrir é um pouco forte porque não foi exatamente uma degustação cega, era no máximo míope, o que não tira seu valor.
Juntei na mesa de casa três casais amigos e três Tempranillos espanhóis de regiões diferentes, inclusive os casais pois um deles era semi-paulistano. Arrumei os seis lugares e coloquei dezoito taças na mesa já seguro que de que talvez nem todas voltariam para o armário. Com mais os copos e jarras de água e as cestas de pão já dá para imaginar como ficou a mesa.
Comecei apresentando a uva da noite, uma típica espanhola que tem esse nome exatamente por poder ser colhida mais cedo, mais "temprano". Ela não é uma grande estrela no showbiz do vinho, mas casa muito bem com diversos tipos de comidas, o que para mim é um grande atributo. E por algum motivo que desconheço, começou a aparecer bastante em diversos supermercados por aqui.
Depois apresentei os três cavalheiros. Um Clos Torribas 2004 recém comprado, um Rioja Campillo Reserva 2002 e um Raimat Costers del Segre 2001 que tinha guardados em casa. Nada de decantador nem filtro. Botei eles na geladeira por quinze minutos e quando abri estavam todos a dezesseis civilizados graus.
No impresso que preparei para cada um na mesa, além de um pouco de história e da tabela para a degustação havia três descrições que não identificavam o vinho aos quais ser referiam. Por exemplo:
A brincadeira consistia em casar corretamente o vinho com alguma das descrições. Não é cega, é só míope, sacaram? Posso garantir agora que a degustação míope é tão boa quanto a cega.
Servi o primeiro vinho mas ninguém foi capaz de provando apenas um reconhecer a qual descrição se referia. E como nenhum de nós nem de longe entende alguma coisa do assunto, para chegar à conclusão de quem era quem foi preciso provar os três vinhos e encontrar em algum deles algum traço de uma das descrições apresentadas. Bebe-se muito mais assim. Discute-se muito mais também, com cada um verbalizando aromas e sabores e relendo cada descrição em busca de uma indicação qualquer que diferencie cada vinho na boca.
Quando abri o envelope que identificava cada vinho, quatro de nós tinham acertado todos, ficando os dois mais entendidos com apenas uma resposta certa.
Os que acertamos usamos a mesma estratégia: buscar uma característica única em cada vinho, que só existisse nele e que, claro, fosse de fácil identificação. Não adiantavam aromas de cedro e cereja, mas um aroma de pimenta preta que pica o nariz foi o que casou o Vinho 3 com o Raimat.
Mesmo sem a condução segura de um Célio Alzer como fizemos no Bazzar, conseguimos de forma caseira e totalmente empírica - e que consome uma quantidade de vinho muito maior - identificar características de cada garrafa e unanimemente escolher o Clos Torribas como o melhor vinho da noite mostrando que um pouquinho de Cabernet Sauvignon não faz mal a ninguém.
Forramos o estômago com tortilhas de batata e sobrassada e sorvete com calda de chocolate quente.
Como vocês estão vendo, posso passar três meses sem aparecer por aqui, mas de jeito nenhum deixo de comer e beber bem e de principalmente me divertir com isso.
A segunda degustação cega do Bistrô, como vocês vão ver, exigiu muito mais dos degustadores do que a primeira. Ao contrário da degustação de cervejas, quando o importante eram as opiniões dos supostos experts, nessa aqui tinhamos que "descobrir" o que estávamos bebendo.
Tudo bem que descobrir é um pouco forte porque não foi exatamente uma degustação cega, era no máximo míope, o que não tira seu valor.
Juntei na mesa de casa três casais amigos e três Tempranillos espanhóis de regiões diferentes, inclusive os casais pois um deles era semi-paulistano. Arrumei os seis lugares e coloquei dezoito taças na mesa já seguro que de que talvez nem todas voltariam para o armário. Com mais os copos e jarras de água e as cestas de pão já dá para imaginar como ficou a mesa.
Comecei apresentando a uva da noite, uma típica espanhola que tem esse nome exatamente por poder ser colhida mais cedo, mais "temprano". Ela não é uma grande estrela no showbiz do vinho, mas casa muito bem com diversos tipos de comidas, o que para mim é um grande atributo. E por algum motivo que desconheço, começou a aparecer bastante em diversos supermercados por aqui.
Depois apresentei os três cavalheiros. Um Clos Torribas 2004 recém comprado, um Rioja Campillo Reserva 2002 e um Raimat Costers del Segre 2001 que tinha guardados em casa. Nada de decantador nem filtro. Botei eles na geladeira por quinze minutos e quando abri estavam todos a dezesseis civilizados graus.
No impresso que preparei para cada um na mesa, além de um pouco de história e da tabela para a degustação havia três descrições que não identificavam o vinho aos quais ser referiam. Por exemplo:
Vinho 3 – 100% Tempranillo. Cor vermelho cereja profundo. Sedutores aromas de pimenta preta, cedro, cereja e ameixa preta com especiarias no palato. Aveludado, potente e equilibrado acabado. Elegante na boca desenvolvendo tons de café e licor.
A brincadeira consistia em casar corretamente o vinho com alguma das descrições. Não é cega, é só míope, sacaram? Posso garantir agora que a degustação míope é tão boa quanto a cega.
Servi o primeiro vinho mas ninguém foi capaz de provando apenas um reconhecer a qual descrição se referia. E como nenhum de nós nem de longe entende alguma coisa do assunto, para chegar à conclusão de quem era quem foi preciso provar os três vinhos e encontrar em algum deles algum traço de uma das descrições apresentadas. Bebe-se muito mais assim. Discute-se muito mais também, com cada um verbalizando aromas e sabores e relendo cada descrição em busca de uma indicação qualquer que diferencie cada vinho na boca.
Quando abri o envelope que identificava cada vinho, quatro de nós tinham acertado todos, ficando os dois mais entendidos com apenas uma resposta certa.
Os que acertamos usamos a mesma estratégia: buscar uma característica única em cada vinho, que só existisse nele e que, claro, fosse de fácil identificação. Não adiantavam aromas de cedro e cereja, mas um aroma de pimenta preta que pica o nariz foi o que casou o Vinho 3 com o Raimat.
Mesmo sem a condução segura de um Célio Alzer como fizemos no Bazzar, conseguimos de forma caseira e totalmente empírica - e que consome uma quantidade de vinho muito maior - identificar características de cada garrafa e unanimemente escolher o Clos Torribas como o melhor vinho da noite mostrando que um pouquinho de Cabernet Sauvignon não faz mal a ninguém.
Forramos o estômago com tortilhas de batata e sobrassada e sorvete com calda de chocolate quente.
Como vocês estão vendo, posso passar três meses sem aparecer por aqui, mas de jeito nenhum deixo de comer e beber bem e de principalmente me divertir com isso.
Marcadores: Degustações, Vinhos
3 Comments:
Olá, Paco,é sempre um prazer quando vc aparece. Desta vez, eu diria que vc se superou!Gostei muito da degustação míope. Diria que, para quem não é expert no assunto, essa é a melhor forma de se aprender alguma coisa. Posso roubar sua idéia e fazer o mesmo com uns amigos? Posso, depois relatar a experiencia em meu blog? Um abraço
Paco,
me senti, mais uma vez, muito honrado em participar das suas já clássicas degustações!
A brincadeira foi excelente, ótimo papo, muitas risadas com as observações viníferas(?). E o melhor de tudo é poder corroborar que esse papo de "um leve toque de couro molhado" é uma chateação só. O bom mesmo é poder apreciar os vinhos com bons amigos e boa comida sem se preocupar com as descrições técnicas.
Abraço,
PF
degustação míope foi ótimo!
Amo a Tempranillo. Nas mãos de um bom produtor faz alguns dos melhores vinhos, na minha humilde opinião. Falando em sobrassadas, vai rolar um menu de embutidos no Bazzar, com direito a butifarra, morcilla e linguiça toscana do seu fornecedor catalão de SP. Vai ser um prazer enorme receber você por aqui na hora da degustação!!! Afinal, não bato o martelo em cardápio nenhum de embutidos sem a sua aprovação. Te aviso quando o momento chegar. beijocas.
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