Dois restaurantes com vinho nos nomes
O Luiz Horta sempre diz do alto de sua sabedoria que é a comida que deve harmonizar com o vinho, não o contrário. Pelo menos aqui no Rio tem dono de restaurante que concorda tanto com ele que acaba colocando vinho no nome da sua casa. É o caso do Intervinos em São Conrado e do Le Vin em Ipanema que têm muito mais em comum do que apenas vinho no nome. Mas têm grandes diferenças também.
Além do vinho nos seus nomes, os dois restaurantes têm cardápios muito parecidos. Ambos oferecem o que se pode chamar de cozinha de bistrô, com aqueles pratos típicos dos restaurantes tradicionais franceses. Nos dois você encontra moule et frites, cassoulet, steak tartar, entrecôte com bernaise, confit e magret de canard além de outros pratos, onde cada casa busca se diferenciar, dentro dessa linha de simplicidade e qualidade que o bistrôzinho aqui preza tanto.
No Intervinos, o nome infeliz – para mim parece nome de importadora, não de bistrô francês – esconde um restaurante que foi a melhor surpresa dos último tempos. Apesar da localização ingrata, funciona onde por muito anos foi o Take, um dos japoneses pioneiros da cidade, a visita ao “outro lado” de São Conrado foi prá lá de compensadora. Sob um edifício residencial e ao lado de uma verdadeira autopista, de fora a casa até parece modesta, mas a pequena fachada se abre num ambiente sóbrio, com pé direito duplo e nenhuma referência a um bistrô como o do cardápio que descobrimos depois. Logo na porta há uma boa exposição de vinhos para o cliente escolher e levar para a mesa. Curiosamente todos têm uma etiqueta com seu preço, bons preços, para você não precisar ficar perguntando quanto custam. Então, para deleite dos que pensam como o Luiz, nós escolhemos um Torres Gran Coronas Cabernet Sauvignon para acompanhar os pratos que ainda nem conhecíamos.
No Le Vin o ambiente é bastante diferente. Instalado numa casa no coração de Ipanema, a filial carioca do original paulistano chama a atenção pela simplicidade, quase descuido, com a ambientação externa. Mesinhas de bar ocupam a calçada sob um toldo que cobre também a varanda onde nos sentamos. Na entrada pelo que seria a garagem da casa, há uma vitrine com ostras frescas o que já dá uma dica do perfil do Le Vin. Ao fundo uma grande e bem iluminada adega faz jus ao nome que está no letreiro. Lá dentro o ambiente é mais arrumado mas ainda com um ar caseiro que não acrescenta nada, inclusive a toalha quadriculada usada em todas as mesas remete muito mais a uma cantina do que a um bistrô.
Então, além de totalmente diferentes, os ambientes das duas casas pouco ou nada têm a ver com suas propostas culinárias, muito curioso.
Depois de abrirmos o Torres, chegou na nossa mesa do Intervinos um couvert delicioso com croquetes de cordeiro, queijo de cabra no azeite, caponata, patê e ótimos pães. Ficamos sem reclamar nesse couvert com Torres por quase uma hora esperando uns amigos atrasados. E se eles tivessem se atrasado mais, eu até agradeceria. Mas na hora de escolher os pratos, aconteceu aquela dificuldade típica de bons menus que já abordei aqui. Dá vontade de provar todos, desde a salada mais simples ao tournedor com foie gras do dia. Mas quando tem cassoulet como opção, a concorrência fica prejudicada.
Em Ipanema também escolhemos o vinho antes, duas taças de um Luigi Bosca Pinot Noir muito aromático que chegou junto com um couvert bastante simples: bom pão fresco, patê e boa manteiga. A ressalva que faço quanto ao couvert é que éramos duas pessoas e nos cobraram dois couverts embora se fossemos uma ou quatro pessoas, como vi em outras mesas, o couvert seria o mesmo. Acho correto cobrar por mais quando repõem o que comemos, o que não aconteceu. Mas vamos em frente porque a comida estava boa. Como havia comido cassoulet alguns dias antes, optei por um entrecôte com bernaise e batatas fritas que estava delicioso, no ponto, macio, molho muito bom e bem apresentado. Confesso que não esperava por tanto. A madame pediu um ravióli de camarão com molho de tomates e gengibre muito bom também.
A mesa no Intervinos era maior e os pratos mais variados mas com a mesma boa surpresa. Da pissaladière e do penne com abobrinha das meninas à paleta de cordeiro com legumes grelhados do Gus, todos sorriram da primeira à última garfada. Inclusive eu com meu cassoulet servido perfeitamente numa caçarola de barro e o Paolo com seu tournedor com foie gras.
Nas duas casas há diversas opções de massa, carnes, peixes e até sanduíches para harmonizar com suas extensas cartas de vinhos. No Intervinos, heresia, há também uma carta de cervejas bacana para aqueles que não estiverem a fim de um bom vinho com um bom preço para acompanhar bons pratos num bom ambiente. Já o Le Vin tem seu próprio vinho, um Cabernet Sauvignon produzido na Argentina.
Nos dois restaurantes com vinho no nome as sobremesas mantiveram o nível dos pratos. Os crème brûlée estavam ótimos e os ovos nevados que a madame comeu no Le Vin também. Não provei nenhum vinho de sobremesa embora, claro, estivessem nas cartas. O serviço foi atento nas duas casas com alguma vantagem para a de São Conrado pela qualidade das mesas, toalhas e guardanapos. A conta foi parecida nas duas também, R$ 120,00 por pessoa.
Apesar de parecidas em muitos pontos, minha avaliação dá uma vantagem importante para o Intervinos pelo conjunto da obra que é bem mais redondo do que no Le Vin. O ambiente em São Conrado é muito melhor, de mais qualidade do que em Ipanema. A carta de vinhos mais rica em opções que a gente pode comprar num jantar despretensioso. Afinal, com vinho no nome, os dois restaurantes devem querer que seu clientes tomem vinho sempre. Os cardápios se equivalem mas, segundo a madame que é mais exigente do que eu, com vantagem para o Intervinos. Concordo com ela.
Em resumo, para quem se dispõe a atravessar um túnel para comer e beber bem com um preço justo e não faz questão de ver e ser visto, o Intervinos é hoje sem dúvida uma das melhores opções da cidade. Dá até para desculpar seu nome.
Além do vinho nos seus nomes, os dois restaurantes têm cardápios muito parecidos. Ambos oferecem o que se pode chamar de cozinha de bistrô, com aqueles pratos típicos dos restaurantes tradicionais franceses. Nos dois você encontra moule et frites, cassoulet, steak tartar, entrecôte com bernaise, confit e magret de canard além de outros pratos, onde cada casa busca se diferenciar, dentro dessa linha de simplicidade e qualidade que o bistrôzinho aqui preza tanto.
No Intervinos, o nome infeliz – para mim parece nome de importadora, não de bistrô francês – esconde um restaurante que foi a melhor surpresa dos último tempos. Apesar da localização ingrata, funciona onde por muito anos foi o Take, um dos japoneses pioneiros da cidade, a visita ao “outro lado” de São Conrado foi prá lá de compensadora. Sob um edifício residencial e ao lado de uma verdadeira autopista, de fora a casa até parece modesta, mas a pequena fachada se abre num ambiente sóbrio, com pé direito duplo e nenhuma referência a um bistrô como o do cardápio que descobrimos depois. Logo na porta há uma boa exposição de vinhos para o cliente escolher e levar para a mesa. Curiosamente todos têm uma etiqueta com seu preço, bons preços, para você não precisar ficar perguntando quanto custam. Então, para deleite dos que pensam como o Luiz, nós escolhemos um Torres Gran Coronas Cabernet Sauvignon para acompanhar os pratos que ainda nem conhecíamos.
No Le Vin o ambiente é bastante diferente. Instalado numa casa no coração de Ipanema, a filial carioca do original paulistano chama a atenção pela simplicidade, quase descuido, com a ambientação externa. Mesinhas de bar ocupam a calçada sob um toldo que cobre também a varanda onde nos sentamos. Na entrada pelo que seria a garagem da casa, há uma vitrine com ostras frescas o que já dá uma dica do perfil do Le Vin. Ao fundo uma grande e bem iluminada adega faz jus ao nome que está no letreiro. Lá dentro o ambiente é mais arrumado mas ainda com um ar caseiro que não acrescenta nada, inclusive a toalha quadriculada usada em todas as mesas remete muito mais a uma cantina do que a um bistrô.
Então, além de totalmente diferentes, os ambientes das duas casas pouco ou nada têm a ver com suas propostas culinárias, muito curioso.
Depois de abrirmos o Torres, chegou na nossa mesa do Intervinos um couvert delicioso com croquetes de cordeiro, queijo de cabra no azeite, caponata, patê e ótimos pães. Ficamos sem reclamar nesse couvert com Torres por quase uma hora esperando uns amigos atrasados. E se eles tivessem se atrasado mais, eu até agradeceria. Mas na hora de escolher os pratos, aconteceu aquela dificuldade típica de bons menus que já abordei aqui. Dá vontade de provar todos, desde a salada mais simples ao tournedor com foie gras do dia. Mas quando tem cassoulet como opção, a concorrência fica prejudicada.
Em Ipanema também escolhemos o vinho antes, duas taças de um Luigi Bosca Pinot Noir muito aromático que chegou junto com um couvert bastante simples: bom pão fresco, patê e boa manteiga. A ressalva que faço quanto ao couvert é que éramos duas pessoas e nos cobraram dois couverts embora se fossemos uma ou quatro pessoas, como vi em outras mesas, o couvert seria o mesmo. Acho correto cobrar por mais quando repõem o que comemos, o que não aconteceu. Mas vamos em frente porque a comida estava boa. Como havia comido cassoulet alguns dias antes, optei por um entrecôte com bernaise e batatas fritas que estava delicioso, no ponto, macio, molho muito bom e bem apresentado. Confesso que não esperava por tanto. A madame pediu um ravióli de camarão com molho de tomates e gengibre muito bom também.
A mesa no Intervinos era maior e os pratos mais variados mas com a mesma boa surpresa. Da pissaladière e do penne com abobrinha das meninas à paleta de cordeiro com legumes grelhados do Gus, todos sorriram da primeira à última garfada. Inclusive eu com meu cassoulet servido perfeitamente numa caçarola de barro e o Paolo com seu tournedor com foie gras.
Nas duas casas há diversas opções de massa, carnes, peixes e até sanduíches para harmonizar com suas extensas cartas de vinhos. No Intervinos, heresia, há também uma carta de cervejas bacana para aqueles que não estiverem a fim de um bom vinho com um bom preço para acompanhar bons pratos num bom ambiente. Já o Le Vin tem seu próprio vinho, um Cabernet Sauvignon produzido na Argentina.
Nos dois restaurantes com vinho no nome as sobremesas mantiveram o nível dos pratos. Os crème brûlée estavam ótimos e os ovos nevados que a madame comeu no Le Vin também. Não provei nenhum vinho de sobremesa embora, claro, estivessem nas cartas. O serviço foi atento nas duas casas com alguma vantagem para a de São Conrado pela qualidade das mesas, toalhas e guardanapos. A conta foi parecida nas duas também, R$ 120,00 por pessoa.
Apesar de parecidas em muitos pontos, minha avaliação dá uma vantagem importante para o Intervinos pelo conjunto da obra que é bem mais redondo do que no Le Vin. O ambiente em São Conrado é muito melhor, de mais qualidade do que em Ipanema. A carta de vinhos mais rica em opções que a gente pode comprar num jantar despretensioso. Afinal, com vinho no nome, os dois restaurantes devem querer que seu clientes tomem vinho sempre. Os cardápios se equivalem mas, segundo a madame que é mais exigente do que eu, com vantagem para o Intervinos. Concordo com ela.
Em resumo, para quem se dispõe a atravessar um túnel para comer e beber bem com um preço justo e não faz questão de ver e ser visto, o Intervinos é hoje sem dúvida uma das melhores opções da cidade. Dá até para desculpar seu nome.
Intervinos
Estrada da Gávea, 698,
São Conrado
21 3322.6962
www.intervinos.com.br
Le Vin
Rua Barão da Torre, 490
Ipanema
21 3502.1002
www.levin.com.br
Marcadores: Comendo e bebendo fora, Vinhos
4 Comments:
Apesar de ser uma feliz moradora de Sao Conrado, ainda nao fui no Intervinos. Deve ser a falta total de apelo do lugar mesmo. Estou até me sentindo culpada depois dessa critica positiva... Abraço
Flavia
Será que o Le Vin do Rio é o mesmo que o Le Vin Bistro aqui de SP? Se for, já comi no de SP um steak tartar e um mexilhões à provençal sensacionais. Pode voltar lá e pedir!
Abraço,
PF
Oi Paco, para corrigir uma informação, o vinho argentino Le Vin não faz mais parte da carta. O Vinho Le Vin é o Cuvée Le Vin – Chateau 2006, vinho produzido pela vinícola Chateau Pesquié, na região Côtes du Ventoux, em Rhone, na França.
Este vinho tinto combina 70% de uva Grenache e 30% de Syrah. A safra de 2006 recebeu 90 pontos no Robert Parker (Wine Advocate). Ele é encontrado na versão simples (750 ml) e magnum (1,5 ml).
Viva! O Paco voltou a comer e beber! Tava preocupada...
E igual sim, PF.
beijo!
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