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5.1.07

Dois bares com comidinhas

Tem lugares que você volta porque acha que merecem uma segunda chance, na primeira vez você deu azar. Há outros que logo de primeira você já planeja voltar para confirmar que não foi sorte, que ali é bom mesmo. Vivi as duas situações na semana passada.
A Toca do Siri, primo pobre do Siri Mole – considerado um dos melhores restaurantes de comida brasileira da cidade – ficou famoso pelo rumor de que divide a cozinha com o primo rico, logo ao lado, servindo porções menores em um ambiente muito mais simples e, claro, com preços mais em conta. No começo de 2006 comi lá um vatapá que veio sobre tortinhas de uma massa que não consegui identificar. Também não consegui terminar o prato de tão sem graça, pesado e difícil que era o conjunto. Minha mulher comeu um acarajé que achou muito bom. Para mim foi uma péssima experiência. Mesmo assim, na semana passada voltamos na Toca só porque era fim de ano e a gente tenta perdoar qualquer injustiça que possa ter cometido. Dessa vez escolhi um prato mais simples, a casquinha de siri, considerada o bolinho de bacalhau dos restaurantes baianos, e descobri que, pelo menos ali, eu não tinha nada a perdoar. Muito pelo contrário.
Para começar, a casquinha vem sem casquinha, total anti-clímax. O recheio divide um pratinho de sobremesa com uma farofa de dendê e gomos de limão. Estranhei a cor muito vermelha do siri, mas pensei que pudesse ser de algum tempero diferente usado. Ledo engano. Era mesmo um exagero de tomate que escondia todo o sabor do crustáceo e dava uma aparência – sem exagero – de um molho a bolonhesa. Em cima de um espaguete não faria feio. Ao meu lado a madame devorou o primeiro bolinho de acarajé, mas o segundo teve que ser trocado – sem muito espanto nem desculpas do garçom – porque veio faltando um pedaço que foi devidamente escondido na montagem do prato. O único garçom da pequena casa preferia ficar batendo papo na calçada e tinha que ser convocado toda hora. A boa ação custou R$ 53,00. Em resumo, a segunda vez foi pior do que a primeira o que evita uma terceira.
No dia seguinte, também tomando resoluções de fim de ano, resolvemos experimentar o Saturnino que, de tão perto de casa, não poderíamos passar outro ano sem conhecer. O ambiente ao ar livre sob uma bela árvore é quase único na zona sul. O cardápio tem comidinhas, sanduíches e pratos bastante variados além de uma lista enorme de drinques e várias opções de cervejas o que confirma seu perfil de bar. Como novatos na casa, decidimos pedir os clássicos harumaki de brie com geléia de damasco, o hambúrguer de picanha e o sanduíche vegetariano. O harumaki é simples e bem sacado. O queijo salgado, o doce da geléia e o crocante do rolinho combinam bem. Meu hambúrguer também estava bom, um belo bife ao ponto com queijo e tomate, pão de gergelim – que poderia estar mais fresco – boas batatinhas fritas e molho barbecue. Surpreendente foi o sanduíche vegetariano; berinjela e abobrinha grelhadas, tomate seco e mussarela de búfala na ciabata quentinha fizeram um ótimo conjunto. A madame adorou, o que garante a volta para provar mais comidinhas. Boas caipivodkas, ambiente agradável, serviço normal e café decente completaram a noite. A nota de R$ 83,00 é muito mais justa do que a da véspera. Meu único alerta é não ir antes das nove da noite porque o ruído do trânsito na rua até esse horário é insuportável.
Resoluções de fim de ano são sempre positivas, seja para reparar ou não repetir erros, seja para começar o ano novo com boas novidades. E se algumas boas novidades ainda por cima são pertinho de casa, melhor ainda. Dei sorte.
Toca do Siri – R. Raul Pompéia, 6. Copacabana - 21 2247.6333
Saturnino – R. Saturnino de Brito, 50. Jardim Botânico - 21 3874.0064

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