Garfo, faca e TV
No 98, antigo 30, tem o do gordinho espanhol, no 42 tem um monte: o da dupla com um super-chef paulista e uma chef carioca, da outra dupla com um francês que quer ser brasileiro junto de um brasileiro que queria ser francês, da nobre inglesa que vive dizendo que é estabanada na cozinha e finalmente do pseudo-rebelde chef inglês além de um quadro com um gordinho carioca e outro com a ex-chef do poder. No 19 tem talvez o mais popular de todos com a loura e o louro, no 20, 21, 22, 23 e 24 também há vários. Programas de gastronomia e culinária sempre existiram na TV, mas de uns anos para cá, seja puxando para a sofisticação ou para a comida caseira, é impossível zapear sem passar por um tipo de avental atrás de um fogão.
Claro que isso não é um fenômeno brasileiro, no mundo todo os chefs se tornaram celebridades televisivas concorrendo com atores das novelas e seriados.No Canadá existe um canal, o FoodTV, que só passa programas desse tipo 24 horas por dia. Até o famoso Gordon Ramsey, três estrelas no Michelin mas mais conhecido pelo seu temperamento ultra explosivo na cozinha, tem um reality-show chamado muito apropriadamente de “A cozinha do inferno”.
Por aqui programas de culinária existem há muitos anos. No começo apresentados por donas de casa que cozinhavam as receitas dos seus livros de família, depois por banqueteiras como a Ofélia e a Maria Thereza Weiss que apresentavam um trivial fino. Era a época do coquetel de camarão, do filé Wellington e do vol-au-vent. Esses programas eram em geral no mesmo formato dos mais populares que existem hoje, como quadros dentro de atrações jornalísticas e de variedades. Até o Jornal Hoje e o Fantástico tiveram seus quadros de receitas. Hoje a coisa se sofisticou muito. Além dos programas mais populares, cozinheiros ganharam horários nobres nas TVs aberta e fechada para mostrar não só receitas refinadas como as técnicas de profissionais.
A diversidade de propostas mostra que há públicos muito distintos assistindo esses programas. A diferença básica dos mais populares para os mais sofisticados é que no primeiro as receitas além de mais simples no preparo e nos ingredientes, são apresentadas em detalhes, com quantidades exatas para serem anotadas pelos espectadores que, imagino, serem na maioria donas de casa que sempre assistiriam este tipo de atração e que têm a intenção objetiva de repetir os pratos na mesa de casa. O outro tipo é mais livre, dirigido aos curiosos e aqueles que se preocupam mais em entender o processo, as técnicas e truques usados do que anotar quantidades que muitas vezes nem são apresentadas. Os primeiros são programas de receitas, os segundos de culinária e ambos têm enorme valor na criação de um público que se interessa por comida não só como alimentação.
Seria natural pensar que uma parte de quem assiste os programas mais populares, em algum momento migra para os mais sofisticados em busca de pratos, ingredientes e preparos. A conseqüência disso vai desde a mudança nos cardápios familiares até as prateleiras dos supermercados que têm que oferecer produtos que até então sua clientela não exigia. Hoje, mesmo em mercado menos sofisticados, é possível encontrar azeites extra virgem e arroz para risoto, coisa impensável tempos atrás.
O mesmo fenômeno da TV acontece nas bancas de jornal onde há profusão de novas revistas, de receitas e de gastronomia, ao lado de publicações tradicionais que também alteraram sua pauta para atender este público um pouco mais exigente.
Se é um fenômeno importado, se foi criado pela mídia e o público acompanhou ou vice-versa, não importa. O que importa é que hoje além de mais conscientes quanto ao que comemos, estamos buscando também mais sabor e prazer tanto na mesa como, no meu caso pelo menos, também na cozinha.
A verdade é que muito disso tudo aconteceu por conta dos avanços tecnológicos que possibilitaram o tráfego e o acesso quase irrestrito de informações do mundo inteiro que no passado demoravam anos para serem difundidas. Por isso este não é um fenômeno que acontece só entre pratos e panelas, a verdade é que vivemos uma grande revolução da comunicação e no meio desse caminho estamos nós, que gostamos de comer, cozinhar e principalmente nos divertir com tudo isso. Vamos aproveitar.
Claro que isso não é um fenômeno brasileiro, no mundo todo os chefs se tornaram celebridades televisivas concorrendo com atores das novelas e seriados.No Canadá existe um canal, o FoodTV, que só passa programas desse tipo 24 horas por dia. Até o famoso Gordon Ramsey, três estrelas no Michelin mas mais conhecido pelo seu temperamento ultra explosivo na cozinha, tem um reality-show chamado muito apropriadamente de “A cozinha do inferno”.
Por aqui programas de culinária existem há muitos anos. No começo apresentados por donas de casa que cozinhavam as receitas dos seus livros de família, depois por banqueteiras como a Ofélia e a Maria Thereza Weiss que apresentavam um trivial fino. Era a época do coquetel de camarão, do filé Wellington e do vol-au-vent. Esses programas eram em geral no mesmo formato dos mais populares que existem hoje, como quadros dentro de atrações jornalísticas e de variedades. Até o Jornal Hoje e o Fantástico tiveram seus quadros de receitas. Hoje a coisa se sofisticou muito. Além dos programas mais populares, cozinheiros ganharam horários nobres nas TVs aberta e fechada para mostrar não só receitas refinadas como as técnicas de profissionais.
A diversidade de propostas mostra que há públicos muito distintos assistindo esses programas. A diferença básica dos mais populares para os mais sofisticados é que no primeiro as receitas além de mais simples no preparo e nos ingredientes, são apresentadas em detalhes, com quantidades exatas para serem anotadas pelos espectadores que, imagino, serem na maioria donas de casa que sempre assistiriam este tipo de atração e que têm a intenção objetiva de repetir os pratos na mesa de casa. O outro tipo é mais livre, dirigido aos curiosos e aqueles que se preocupam mais em entender o processo, as técnicas e truques usados do que anotar quantidades que muitas vezes nem são apresentadas. Os primeiros são programas de receitas, os segundos de culinária e ambos têm enorme valor na criação de um público que se interessa por comida não só como alimentação.
Seria natural pensar que uma parte de quem assiste os programas mais populares, em algum momento migra para os mais sofisticados em busca de pratos, ingredientes e preparos. A conseqüência disso vai desde a mudança nos cardápios familiares até as prateleiras dos supermercados que têm que oferecer produtos que até então sua clientela não exigia. Hoje, mesmo em mercado menos sofisticados, é possível encontrar azeites extra virgem e arroz para risoto, coisa impensável tempos atrás.
O mesmo fenômeno da TV acontece nas bancas de jornal onde há profusão de novas revistas, de receitas e de gastronomia, ao lado de publicações tradicionais que também alteraram sua pauta para atender este público um pouco mais exigente.
Se é um fenômeno importado, se foi criado pela mídia e o público acompanhou ou vice-versa, não importa. O que importa é que hoje além de mais conscientes quanto ao que comemos, estamos buscando também mais sabor e prazer tanto na mesa como, no meu caso pelo menos, também na cozinha.
A verdade é que muito disso tudo aconteceu por conta dos avanços tecnológicos que possibilitaram o tráfego e o acesso quase irrestrito de informações do mundo inteiro que no passado demoravam anos para serem difundidas. Por isso este não é um fenômeno que acontece só entre pratos e panelas, a verdade é que vivemos uma grande revolução da comunicação e no meio desse caminho estamos nós, que gostamos de comer, cozinhar e principalmente nos divertir com tudo isso. Vamos aproveitar.
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