Repetindo o único
Hoje em dia, todos os grandes restaurantes gastronômicos do mundo têm seus menus degustação. Qualquer um que tenha tempo e dinheiro pode viajar pelo mundo se deliciando com refeições com 10, 15, 20 pratos de autor. Seja a Clotilde no El Bulli, ou meu amigo Paulo Fernando no DOM, quase todos voltam maravilhados com a experiência. Alguma falha aqui, um detalhe ali mas no geral são horas inesquecíveis. Mas quantas vezes na vida você consegue participar de um momento assim? Aqui no Rio tem uma turma que há 25 anos faz isso todo mês, e ontem eu participei de um desses eventos.
Claro que há diferenças importantes, o almoço - é sempre um almoço durante a semana - não dura seis horas, não há uma quantidade infindável de pratos - ontem foram só seis - e até agora o Ferran Adriá não apareceu, mas os Companheiros da Boa Mesa se encontram todo mês nos melhores restaurantes da cidade onde seus chefs preparam menus especiais para os ágapes do grupo. Funciona assim: cada mês um dos companheiros fica responsável por organizar o almoço. Ele escolhe o restaurante, cria o menu com o chef, combina os vinhos (tá bom, harmoniza os vinhos) com ajuda de um sommelier, acerta o preço e convida os demais para provar seu almoço. O custo é dividido entre todos.
Ontem fui com mais trinta e tantos companheiros almoçar no Zuka, um restaurante que seria classificado como contemporâneo, com uma chef jovem, a Ludmila Soeiro, e um menu com muitos grelhados combinados com muitos ingredientes, temperos e criatividade. O almoço foi organizado por uma jornalista carioca e, se foi clássico em oferecer frutos do mar, massas e carnes, foi bastante ousado nos sabores.
Como já disse, foram seis pratos; duas entradas, dois principais e duas sobremesas acompanhados por champanhe, vinhos branco, rose e tintos e um branco doce no final. Já dá para ver que com seis pratos e seis vinhos, os Companheiros não não brincam em serviço. Mas chega de couvert, vamos ver o que eu provei.





Eu, que ainda tinha que voltar para o trabalho, arrematei com dois cafés e uma trufa. Mas alguns mais afortunados ainda ficaram tomando um Porto.
Desnecessário dizer que as quase quatro horas que passei comendo, bebendo e principalmente conversando sobre comida com esses companheiros foram ótimas. Quase todos os pratos tinham sido criados especialmente para aquele dia, o que dá um caráter muito exclusivo, e cada um foi apresentado pela anfitriã e pelo sommelier dando ainda um toque didático ao evento.
Está certo que não é uma experiência de vida, que mês que vem tem mais e no outro também, mas é sem dúvida uma experiência única já que aquela combinação de pessoas, comida, vinhos e principalmente o ambiente que é criado por isso tudo nunca vai se repetir. Mas talvez o melhor seja que tanto para mim, como para a maioria dos Companheiros da Boa Mesa, é uma experiência única que por isso mesmo pode ser “repetida” sempre. Pelo menos eles fazem isso há 25 anos.
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